segunda-feira, 25 de abril de 2022

Frenesi

Me balanço.
Não há mais nada ao meu redor. Nem dentro. Nem fora.
Existe eu. Existe o movimento do meu corpo. E o movimento que eu acredito que ele faz. E existe a liberdade. 
De ser, de estar, de balançar.
Livre.
Livrado.
Liberto.
Num transe incalculável, onde eu não sou mais eu.
Ou melhor, onde sou exatamente eu.
Transcendente.
E eu me balanço.
E eu me sou.
O ruído de fora, que me move os pés, é o ruído de dentro.
E vai caminhando por mim, até que eu interrompo esse frenesi, no medo de ser tão eu que me exploda, ou que voe e não saiba mais voltar.
Eu abro os olhos e ainda piso o chão.
Ainda estou inteiro.
Mas todos veem minhas asas abertas.

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