sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Resfriar sem congelar.

Desamarre seu cadarço,
afrouxe a sua sandália,
retire seu chinelo.
Ponha o pé no chão,
sinta-o bem frio.
Lave sua mão,
mesmo sem estar suja.
Gostosa é a água.
E por falar em água...
pegue uma pedra de gelo,
coloque-a na boca.
Aprecie-o. Gelado. Molhado.
Tome um banho bem gelado.
Sinta o frio,
pois o tempo está quente.
Resfrie-se de alguma forma.
Só não deixe esfriar seu coração.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Jantar a um

Estou aqui, tentando escrever.
As palavras não me vem,
por algum motivo, me abandonaram.
O que me adianta o lápis e o papel?
se não há o que se escrever.

Letra por letra, palavra após palavra.
Vão saindo, sem nada a dizer.
Talvez, preta, seria mais fácil escrever-te essa canção
se tu mesma me ajudasse.
Pode começar por existir
e o resto, deixa comigo.

Mas como não existe, preta...
não existe também, essa canção que te escrevi.

domingo, 25 de setembro de 2011

Lugar certo

Me sinto. No lugar certo.
Sabe quando a personagem de um filme chega exatamente onde queria? e ela fica com aquele sorriso mais besta na cara. Ela, a personagem, pode estar sozinha, mas isso não importa porque ela está onde queria chegar. Ela chegou lá. Que se dane tudo. Aquele é o momento dela.
E aí, bem no fundo toca aquela música. Aquela que mostra a realização da personagem. Toca aquela música.
E você, que é espectador, fica voltando a cena, ou chora ou ri junto. Porque a satisfação/realização do outro é tão grande, que a você, só cabe sonhar. Sonhar, como ela sonhou e tentar chegar ao mesmo lugar.
Daí, o filme acaba. Era a última cena porque, pra quem é espectador, não interessa mais o que se sucede. Ela estava . Mas aquela música continua para que você, pobre espectador, continue imaginando a satisfação da personagem. A vontade de voar - sim, minha amiga, a vontade de voar - pra um lugar em que os sonhos se realizam.
Por fim, chega uma hora que você cansa de ouvir a música, sem ver mais nada. Mas, admita, aquela sensação... aquela alegria... aquele êxtase... aquela satisfação... aquela certeza de que está no lugar certo, pra sempre vai estar dentro de você!

Música que me inspirou... é só clicar!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Permita-se!

E chegou o dia tão esperado. Fui visitá-lo em sua cidade.
A desculpa que dei aos meus pais é que estava a ponto de surtar. Precisava sair, conhecer um lugar novo. Que éramos só amigos.
Ele havia feito o convite, para eu visitá-lo. E, por ventura, seus pais haviam viajado!

O dia chegou. Eu estava lá. Nos divertimos durante o dia. Eu o olhava de uma forma diferente daquela que costumava olhar... E tinha quase certeza, que seu olhar era recíproco.

Passamos o dia inteiro com os amigos dele, nos divertindo, brincando, sendo felizes. E, ao fim do dia, fomos para sua casa para podermos continuar a felicidade que fora o dia. Fizemos aquele jantar especial, bebemos aquelas bebidas especias e trocamos as famosas indiretas especiais.

Até que todo mundo foi embora. E ficamos só eu e ele.
Fiquei sentado no sofá, enquanto ele despedia do povo que estava à porta. Após ter terminado de se despedir, sentou-se ao meu lado. Meu coração pulava e eu quase conseguia ouvir o seu também. Se eu poderia ouvi-lo, poderia, ele, ouvir o meu?
Então ele se aproximou. Beijou a trave. Fechei os olhos. "Por favor, um pico de sensatez. Por favor, um pico de sensatez." Não sei ao certo quanto tempo durou, mas foi longo, muito longo. Tão longo quanto o último minuto de uma aula.
Coloquei minha mão em sua face, como quando se segura o rosto de alguém para acertar-lhe um beijo. Olhei em seus olhos. Torci minha boca em tristeza. Fechei meus dedos em sua barba e afastei seu rosto do meu. Não consegui dizer uma palavra. Apenas olhava e reprovava. E ele tentava entender.

Saí do sofá, nos arrumamos para dormir. Muito gentil que era, preparou pra mim sua cama e deitou-se em um colchão no mesmo quarto. Terminei de me arrumar e entrei no quarto. E lá estava ele, deitado de barriga pra cima, um pouco inclinado, olhos semi-cerrados e seu braço direito por trás da cabeça. Ali deitei. Em seu peito descoberto. Afinal, só seus pedaços mais íntimos não estavam descobertos.

Se antes eu ouvia seu coração, agora podia senti-lo. "Ai, meu Deus. O que estou fazendo aqui?", pensava.
Até que o silêncio foi quebrado, por uma voz que não queria sair e que não era a minha.

"Eu pensei que você quisesse. Que estivesse afim."
"Um dia eu estive, e tive que confirmar que eu seria mais forte!"

Seu peito estava molhado. Mas ele não suava.

"Você não tá querendo ser mais forte. Você está sendo covarde! Vai conseguir passar os dias pensando no gosto do meu beijo?"

Fui obrigado a levantar. Já senti tudo que queria ali. Era hora de dormir.

"Aposto que tem gosto de baba. Eu arranjo outros. Alias, prefiro a dor da saudade do que a da desilusão."
"Permita-se!"
"Eu jamais me permitirei sofrer!"

Levantei e fui pra cama! Afinal, já passava da hora de dormir.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Anjo sem asas


"Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo."
Eu estava sozinho, entre muitos.
Todos estavam ali com o mesmo intuito.
Havia um homem que falava engraçado.
Sabe que ele aparentava ter muita fé.
Não sei por quê, mas ele foi com a minha cara.
Talvez tenha me sentido erradiar paz e alegria.
"A Paz de Cristo esteja contigo, meu senhor!"
E, logo em seguida, ele me presenteia.
Trouxe a mim uma paz grandeosa,
senti um amor gratuito.
E havia um encantamento naquele presente.
"Amém"
Terminamos com os ritos.
Deveria agradecê-lo, então.
Não sei como, mas consegui aumentar mais ainda minha alegria.
Senhor monge, que conversa normal e reza esquisito.
Que, ele próprio, fez meu presente
e com ele, me deu seus ensinamentos.
Que me deu um novo significado ao meu nome.
Porém, seu nome, eu mal consigo lembrar.
E se ele morava onde eu morava,
prometeu rogar por mim,
mora onde eu moro...
Posso concluir que ele era um anjo.
Mas um anjo sem asas.
Que talvez tenha descido do céu
só para dizer "oi".
E, por isso, deixou-as para trás.
Se isso aconteceu,
"Obrigado, meu Deus. E que aconteça de novo!"
Se é imaginação,
"Por favor, meu anjo, venha me visitar,
mesmo que isso lhe custe uma hora sem asas!"

-Um devoto de Maria, mesmo no meio da perdição, não cai em perdição.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cinza chumbo

Não sei como são vocês, leitores.
Mas eu, quando me arrumo, penso no que pode acontecer.
A partir daí, escolho a cueca que devo vestir!
Aposto na minha roupa íntima toda a vontade de uma boa noite.
Não quero dizer que deva haver sexo, do bom e do melhor,
entenda bem.
Espero, apenas, uma boa noite ou um bom dia.

Sendo assim, me preparei para a festa,
vesti minha cueca de cor cinza chumbo.
E estava, mesmo, tudo dando certo.
Até que, de repente, em duas tentativas,
quis nunca mais ver aquele pedaço de roupa.

Bem, estou aqui, querendo ir dormir.
Sem mais nada a acrescentar.
Só o fato de que estou sem cueca,
para evitar desconfortos na madrugada!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Fantasma escritor

Uma sala de jantar onde ninguém janta.
Uma sala de estar onde ninguém fica.
Uma sala de TV onde niguém assiste.
Uma copa onde não se guardam as louças.
Um quarto onde ninguém dorme.
Um banheiro onde ninguém toma banho.

Uma casa onde só há escuridão.
Uma casa onde o vento venta.
Uma casa em que moram bixos.
Uma casa onde habita a solidão.

Uma casa onde tem um papel com linhas.
E uma caneta com alguma tinta.
E idéias vãs que se vão.

Uma casa onde só há TV.
O vento venta onde se guardam as louças.
Uma sala de jantar onde ninguém dorme.
Um banheiro onde moram bixos.
Escuridão onde ninguém fica.
Um quarto onde habita a solidão.

Idéias vãs com linhas.
Um papel que se vai.
E uma caneta que já não tem mais tin...