quinta-feira, 30 de setembro de 2010

0 + 0 = 1

Eu já pensei em falar de flores,
mas só teu cheiro permanece na lembrança.
Não consigo pensar em qual flor seria mais cheirosa que teu corpo
ou pétalas mais suaves que tua pele,
nem mesmo, se existe algo mais belo que teu sorriso...
rosas, tulipas, lírios ou o que for.
Todas essas flores não chegam aos pés da tua majestade.
Nenhuma tem o teu sabor.

Eu já pensei em falar do mar,
mas nem com toda sua imensidão me fascina mais que o teu olhar.
Nem de dia, nem de noite.
Não há onda que me faça viajar mais que o abrir e fechar de teus olhos.
Não há onda que acaricie a areia como, a mim, tuas mãos.
Nem onda que ressoe como tua voz ao meu ouvido.

Eu já pensei em falar da lua.
A linda donzela apaixonada.
Mas, disso, um dia já falei.
E, mesmo assim, um erro cometi ao exaltá-la mais que a ti.

Até juntar duas idéias,
como o mar e a lua, eu já tentei.
Mas eles não brilham como tu brilhas.
Não amam como tu amas.
Nem me fascinam como tu me fascinas.

Acho que posso chegar ao fim, simplesmente dizendo que te amo.
E dizendo que não há mar, lua, rosas, tulipas ou lírios que me façam te esquecer.
Posso até pensar nisso tudo.
Mas, te equiparar a isso, não é nada mais do que mentir.

LESSA, Gabriela.
MIZIARA, Otávio.

sábado, 11 de setembro de 2010

Gatos, em pés, sobem.

"Vem, gatinha.
Vamos chupar acerola!"
Era o que eu dizia a ela todos os dias de minhas férias.

E em baixo daquele pé,
sobre os nosso pés,
ficávamos nos lambuzando
com aquelas baixas acerolas,
pois, devido ao nosso tamanho,
as altas eram salvas.

"Olhe aquela!"
Era o que eu dizia.
"Pegue pra mim?"
Era o que ela pedia.
"Mas não alcanço!"
Era o que eu lamentava.
E, com as que podíamos ter,
nos contentávamos.
E, assim, saciados ficávamos.

Sim, gatinha,
era bom o tempo que passou.
E daquele pé, você saiu.
E naquele pé, você me deixou.

Talvez, por me deixar sozinho
com todas as acerolas só pra mim,
hoje já não consigo sair de lá.
Hoje, aquele sabor e aquela melequinha que na mão fica me fascinam.

É, gatinha.
Ali, você me deixou só.
Só com meu pé de acerola.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Por você, até o Japão em cima de um papagaio real

Quando o sol bater, te acordando no meio da madrugada, lembre-se que eu o pedi que assim procedesse.
Fui até o céu da mesma noite, porque cansei de gritar pra lua me ouvir. Fui com minhas asas de ouro dourado e contei tudo ao seu ouvido. Ela me deu a ideia mais fantástica. Ela me disse que se eu te desse uma estrela, você seria minha. Pulei de nuvem em nuvem, perguntei a cada estrela, procurando aquela que concordaria com a ideia de sua mãe, qual delas iria pra casa, pra que eu entregasse ao meu amor. Isso significaria que, aquela que aceitasse, deveria descer do céu e ficar na terra. E depois de rodar a metade do mundo, sem encontrar uma estrela sequer, achei a maior e mais brilhante estrela. O sol. Era da cor de minhas asas. Como com a lua fiz, contei ao sol sobre meu amor.
Aquela estrela entendeu minha história e quis descer aqui para que eu pudesse te dá-lo. Mas, com seu tamanho, acabaria com as nossas vidas, antes que eu te ganhasse. A minha ideia (a que eu contei ao sol) não era minha. E isso o sol percebeu. Ele me disse que era de sua amada lua, e que eles foram designados a viverem um em cada canto da Terra.
Ora pois, não poderia ajudá-lo? já que ele queria me ajudar.
Convenci que devia lutar por sua amada, assim como eu estava fazendo. Como se o amor tivess me ajudado, tive a fascinante ideia, te daria o sol sem entregar-te. Mas entregaria-o a lua.
E o mesmo tempo que demorei pra chegar ao sol (cerca de um tic e um tac do ponteiro dos segundos do meu relógio de chocolate), demoramos pra chegar à lua. E às 03h00m, chegamos. O sol e eu, nele montado.
Mostraria a todas as estrelas como nosso amor valeu à pena. É, eu teria mostrado se os dragões não tivessem comido todas elas. Mas isso já é outra história.