domingo, 7 de dezembro de 2014

Presidiário, cumprindo sentença.

Ouça enquanto lê

A noite já vinha escura.
O frio começava a consumir.
Tinha acabado de chover,
e o chão estava molhado.

Você me calçou seu par de asas e me levou.
Me levou além do que eu acreditava ser bom,
além do que eu acreditava ser certo.
Além do meu próprio medo.

Você me deixou seguro,
voando alto.
Voamos tão alto,
fomos tão rápido.

As luzes da cidade passavam e eu nem via.
Mesmo porque minha cabeça estava em outra dimensão.
As estrelas todas se fizeram riscos
e caíram do céu desabotoado.

E quanto mais suas asas batiam,
à medida que íamos cada vez mais alto,
a brisa vinha de encontro aos nossos corpos e o frio era bom.
Não é que faz frio mesmo?

E nós voamos tão alto,
e fomos tão rápido.
Não sei se só eu que senti,
mas a adrenalina pulsava tão forte.

Conseguia sentir o coração,
batucando aquele samba que fizeram pra gente.
E a esse batuque me entreguei
e voei.

Voei na escuridão da noite,
iluminada pelos teus olhos,
pelo teu sorriso.
Desbravei meu "eu" e fui.

Obrigado por me mostrar o que há por trás da escuridão,
por me apresentar as estrelas cadentes.
Por me entregar à noite
e ao frio dela.

Obrigado por emprestar suas asas.
E por sussurrar ao meu ouvido:
"Não tenha medo,
eu te levo".

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