domingo, 27 de novembro de 2011

Sala de estar

Ouça enquanto lê!

Chegou em casa.
Viu tal cena.
Deveria ser entristecido.
Mas como se entristecer, vendo que partira em paz.

Sentado em sua poltrona,
de frente para o som.
Com seus pés inteiros no chão.
Seus braços sobre os braços da poltrona.
As mãos fechando, como se segurassem-na.
O som, ligado... tocando a mesma música.
Com o botão de repetir acionado.

A mesma música.
Partira em oração.
Em silêncio, calma... paz.

Apreciara o que quisera,
sabia que sua hora havia chegado.
E se foi.
Sem despedir.
Sem dizer tchau.

A luz que vinha de fora, mal batia na janela.
Não estava escuro, mas não estava claro.
Estava gostoso. Um clima de quem se prepara pra dormir.

Chamara-o, não atendeu.
Seu peito não subia, não descia.
Sua cabeça não se mexia.
Os olhos não abriram.

A cabeça está voltada pra cima, como quem apenas aprecia o som.
Os olhos estão fechados.
E o vivo acaba de achar, em cima da mesa,
um pedaço de papel.
Grafado recentemente, com uma letra antiga.

"Não tenho mais tempo. Chegou minha hora.
Adeus. Amo a todos!"

Ele, finalmente, deixa cair uma lágrima!
Vai ao banho.

E quando sair, vai se vestir de preto
porque hoje é dia de luto!

Um comentário:

Gabi disse...

Tenro e muito bem feito ^^