domingo, 21 de dezembro de 2008

Quase um outro lado da história.

Bem contada.
Bem falada.
Tida como linda história.

Mas nunca vista por outro lado.
Nunca contada antes,
com outras bocas.

Crianças pulam, gritam,
voam e a babá acha que estão dormindo.
Alguém atrás de uma fada
entra pela janela.
A anfitriã diz:
"Oi, quem é você?"
Trocam beijos e dedais
Vão embora: Alguém, anfitriã
e dois meninos que,
após toda a algazarra,
acordaram porque foram chamados.

Sim, foram embora,
sem pensar duas vezes,
porque poderiam voar e lutar.
Esqueceram que tinham mãe,
pai, uma casa, uma cadela.
Porque queriam nunca crescer.
Qual criança nunca quer crescer?
Deixaram sua mãe aflita,
na mesma janela em que partiram.
Deixaram seu pai aflito,
no primeiro andar da casa.
Por saberem voar,
acharam que seria divertido
sair voando pelo céu
para uma terra distante,
desconhecida.

Sonhadores, com pensamentos bons
pra poderem se manter no ar.
Viram piratas, índios,
foram capturados.
Aprenderam a lutar,
porque voar já sabiam.
Acharam que tinham vencido a guerra,
tentaram algo novo,
com sentimento.
Mas tudo que se precisa saber,
quando é criança,
é saber voar e lutar.
Amor, é novo.
Só fará sentido se crescer.
Mas briga porque quer amor,
e deixa o amor de sua mãe
numa janela.

Janela essa que deve sempre
ficar aberta, na espera
da volta de dois meninos
e uma Wendy.
Mas o egoísta alguém,
a tentava fechar, era capaz
de tentar impedir que três filhos
voltassem à sua mãe.
Volta que fora sonhada tantas vezes
por retinas fatigadas
que não perdem as esperanças.

Já sabiam voar e lutar.
Procurava amor,
trocou de lado,
porque sempre quis ter outro nome.
Lhe bastava saber contar histórias.
Fez uma visita ao seu antigo lado.
Anunciou o seu novo nome.
Ao sair, foi pega.
Sim, era uma cilada.
Fora pega.
Teria de andar na prancha.
O segredo foi descoberto,
seria sua derrota,
TIC-TAC, tá passando o tempo.
O menor primeiro.
Não, alguém chegou, os ajudará.

Vamos batalha, acabe logo.
Todos lembraram que estavam esquecendo de seus pais.
Graças à menina que voltou
a ter o seu nome,
aquele que sua mãe teria lhe dado.

O outro lado sabia lutar.
Agora sabe voar.
Sabe o segredo.
Pensamentos felizes,
estão sendo invertidos.
Agora, o pensamento é
simplesmente a volta,
e o fechamento da janela.
Alguém egoísta.
Esse é o final da história.
Os dois lados acabaram,
sozinhos, sem amor.
Espere, há uma despedida.
O dedal finalmente foi dado.
Não foi dessa vez.
Pelo outro lado ser velho,
sozinho e acabado,
o relógio conseguiu o que queria.

Acabou a guerra,
sabem o que significa.
Por tantas vezes ter sonhado
não pôde acreditar
que realmente tinham voltado.
Nem a cadela se animou,
por tê-los visto.
Saia da janela.
Suba para o segundo andar.
Voltaram.
Os meninos ganharam uma família.
Uma mãe ganhou um filho.
Um filho ganhou uma mãe.
Afaste-se da janela.
Viver, seria uma grande aventura.
Alguém lembrou de dar satisfações?

A história é contada
por uma criança que cresceu,
para uma criança que vai crescer.
E, assim, sucessivamente
Pois todas as crianças crescem,
menos uma.