E eu me perdi.
Por tantas e inúmeras e incontáveis vezes, eu me perdi.
Fui deixado, menino, às margens de mim mesmo. Sem saber se podia me adentrar, aprofundar-me em mim.
Molhei meus pés sem saber se lavava as mãos. Molhei as mãos sem poder lavar o rosto.
O rosto sujo, cujo reflexo busquei na superfície desse rio que sou. E não encontrei.
Por tantas e inúmeras e incontáveis vezes, eu me perdi.
Fui deixado, menino, às margens de mim mesmo. Sem saber se podia me adentrar, aprofundar-me em mim.
Molhei meus pés sem saber se lavava as mãos. Molhei as mãos sem poder lavar o rosto.
O rosto sujo, cujo reflexo busquei na superfície desse rio que sou. E não encontrei.
Pronto para desaguar-me ao mar. Mas não fui. Não me deixei ir. Não me deixei ser.
Parado ali, na desculpa estapafúrdia do "nada", me torturei. Nada sei, nada sinto. Tenho nada. Sou nada.
Parado ali, na desculpa estapafúrdia do "nada", me torturei. Nada sei, nada sinto. Tenho nada. Sou nada.
Encontrei-me refletido e eu tinha a cara limpa. Pudemos conversar.
E ensinei-me. Na dor, mas ensinei-me. Vivi minha ditadura, camuflada em felicidade constante. Turbilhonando-me sentimentos, vozes, pensamentos, ensinamentos, vaos e inválidos. Invalidados.
O nada.
E na dor de ensinar-me e de aprender-me, fui. Quando todos já eram.
Pude ser. Quando deixei-me ser.
E ensinei-me. Na dor, mas ensinei-me. Vivi minha ditadura, camuflada em felicidade constante. Turbilhonando-me sentimentos, vozes, pensamentos, ensinamentos, vaos e inválidos. Invalidados.
O nada.
E na dor de ensinar-me e de aprender-me, fui. Quando todos já eram.
Pude ser. Quando deixei-me ser.
E hoje, sendo, sento à margem de mim, e vejo meu rio cursar, curveando por onde quer ir. Molho meus pés, nas minhas águas. E os tornozelos. As pernas. Mergulho-me. Afundo-me. Adentro-me e aprofundo-me.
Que delícia ser. Enquanto percebo que os outros ainda nem são. Ainda buscam ser.
Que delícia já não camuflar-me mais em felicidade constante, mas preencher meus nadas com ela.
Ocupar-me comigo mesmo. Em observar-me, em ensinar-me com amor, em cursar meu rio e deixar-me desaguar no mar que também sou eu. Porque e feito de mim. Águas novas e águas passadas. Eu.
Que delícia ser. Enquanto percebo que os outros ainda nem são. Ainda buscam ser.
Que delícia já não camuflar-me mais em felicidade constante, mas preencher meus nadas com ela.
Ocupar-me comigo mesmo. Em observar-me, em ensinar-me com amor, em cursar meu rio e deixar-me desaguar no mar que também sou eu. Porque e feito de mim. Águas novas e águas passadas. Eu.
E agora, posso sentar-me à minha baía e observar o sol a nascer, as nuvens a passar, os pássaros a cantar. Posso chorar ou sorrir, cantar ou dançar, observando que o amanhã sempre vem. E há sempre uma nova oportunidade de encontrar-me. Por tantas e inúmeras e incontáveis vezes, encontrar-me. Sentado, menino, às margens de mim. Apenas sendo.
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