Ouça enquanto lê
-Uma passagem pra Paris, por favor?
E me entregou duas, três ou até quatro Paris'es inteiras.
Fomos sambando esse bolero, no som que a meia noite da cidade encantada trazia, mas que tocava às duas da tarde.
E trocamos alguns passos, alguns olhares e balançares de cabeça, antes de pertencermos, em partes, um ao outro.
Claro que foi verdade.
Há tanta verdade que ainda te sinto ao pé da minha orelha, ou alisando minha barriga.
Me lembro de cada detalhe da sobrancelha perfeitamente desenhada por quem te fez.
-Pra quê pegar o avião de volta? Vamos ficar aqui?!
E eu, deitado em seu peito, te observando respirar, sem medo, sem chance de estar errado, ou de ser proibido.
Sem chance de eu esquecer a hora que ganhei o meu troféu e coloquei no mais alto da prateleira.
-Ok. Precisamos mesmo voltar.
Mas nossas vidas apontaram pra destinos diferentes.
E eu perdi milhões de anos deitado no seu peito.
E o meu troféu foi retirado, caiu e quebrou.
E as minhas quatro Paris'es...
ainda tocam aquele bolero que sambamos às duas tarde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário